segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Eficiência Energética na Polícia Civil de SP

A batalha pela eficiência energética na Polícia Civil de SP
Fonte: Revista Sustentabilidade - Escrito por Fernanda Dalla Costa — Publicado em 08/09/2009 19:41
"Em 2000, ninguém pensava em eficiência energética. Tentar convencer os outros que era um bom negócio significava não ser levada a sério". Foi assim que a engenheira Cibeli Gama começou a contar a história da implantação do programa de eficiência energética nos prédios da Polícia Civil, que reduziu as contas de eletricidade em cerca de 60%.

Apesar de contar com cinco prédios sede, oito seccionais e 93 delegacias, onde são realizados os mais diversos trabalhos, desde emissão de documentos até investigações sobre tráfico de drogas e homicídios, o trabalho da corporação nunca para. Ao contrário, cresce. Com isso, aumentam as horas de trabalho e as equipes, que geram, claro, maior gasto de energia (uso de computadores, iluminações locais etc).
Em 2000, Gama, que ocupava o cargo de engenheira chefe da corporação, foi chamada até o Palácio da Polícia Civil, no centro de São Paulo. A cúpula policial solicitou um aumento no volume de energia comprada da Eletropaulo, distribuidora local, para garantir que a iluminação nos andares mais altos do edifício, que possui 20 pavimentos, não fosse prejudicada, e que os elevadores, bem antigos, da década de 30, não parassem.
Gama não titubeou e respondeu: "Ao invés de comprar mais energia, vamos economizar."
Na época, apesar da resistência, ela ganhou o benefício da dúvida. Feita a proposta, era hora de provar a viabilidade do projeto. A primeira ação foi a troca dos cinco elevadores por equipamentos mais modernos, que consomem menos energia e garantem maior segurança ao usuário. Passo dado, sucesso na primeira etapa, era hora de estudar outras medidas.
Em 2005, Gama resolveu investir contra iluminação deficiente. Para isso, baseou-se na lei de eficiência energética, que diz que próprias distribuidoras de energia têm que investir 0,5% de seu faturamento líquido em projetos de economia.
Assim foi feito. Apenas no edifício sede foram investidos, a fundo perdido, R$12 mil para modernizar todo o sistema de iluminação, inclusive com a troca das lâmpadas e luminárias. Mesmo assim, questionamentos surgiam: alguns funcionários culparam as lâmpadas fluorescentes recém-instaladas pelo desconforto dermatológico, o que, conforme foi comprovado posteriormente, tinha outras causas.
"Apesar de tudo isso, a minha maior dificuldade foi a permissão dos diretores das unidades para trocar as luminárias", relatou. "E tudo isso foi feito sem que a polícia gastasse um centavo."
Segundo Gama, foi a primeira vez que dinheiro de distribuidoras, oriundos de recursos do Programa de Eficiência Energética, foram gastos em edifícios do poder público. A equipe da engenheira trocou luminárias, lâmpadas e reatores nos cinco edifícios sede e nas sete seccionais da capital.
O resultado deve ter levado um sorriso ao almoxarifado da policia: a troca resultou numa economia de 56% na conta de luz do Instituto de Identificação, que em 2007 caiu para R$ 7.500 ao mês. No Palácio da Polícia Civil, a redução foi de 38%, enquanto na Academia de Polícia, no Departamento de Narcóticos (Denarc) e no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) as reduções registradas foram de 56%, 64% e 69% , respectivamente, na conta mensal.
Em um ano, estes cinco edifícios proporcionaram uma economia de R$ 2,8 milhões para os cofres públicos, disse Gama.
Nas oito seccionais, a economia chegou a 58% da conta de energia elétrica, e isso apenas no primeiro ano após as reformas.
Hoje, Gama, que trabalha atualmente no Instituto de Engenharia, sabe que são as pequenas mudanças que possibilitam a melhoria da eficiência energética.
"Não adianta o Estado pregar a sustentabilidade sem ter a consciência de que com uma pequena troca de lâmpadas podemos fazer uma grande economia", disse.
Gama saiu da polícia em 2007. Nem ela e nem a assessoria de imprensa da Polícia Civil souberam informar se houve continuidade das ações implantadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Marcadores